Setembro Amarelo – prevenção, conscientização e alerta sobre suicídio.
O mês de Setembro é reservado para uma campanha de Prevenção ao Suicídio; essa campanha é chamada de Setembro Amarelo, talvez uma alusão à cor do semáforo que está entre o verde da liberação da via e o vermelho que seria a interrupção do fluxo da vida.
Entender a vida como um fluxo de experiência, encontros e vivências é importante para lidar com sofrimento e o suicídio. É que um sujeito com tendência suicida busca o fim do sofrimento – e não o fim da vida como comumente se entende , por isso o suicídio é uma solução imediatista para o problema.
Interromper a vida cessa o sofrimento mas cessa também todas as outras formas de experiência; então não há sofrimento porque não há experiência, não há um sujeito vivo para sentir o sofrimento.
Portanto o suicídio não acaba com o sofrimento, o suicídio acaba com a estrutura e as condições que possibilitam o sofrimento.
Por isso, a solução para o sofrimento não é a morte, a solução para o sofrimento é o prazer, entendido como o bem-estar. Sócrates, em seu livro “A República”, defende que a saúde é o maior dos prazeres; ora, nenhum prazer é possível se não estivermos saudáveis para experimentá-lo.
A depressão é uma condição de não saúde, pois não há um equilíbrio químico no sistema nervoso central. Esse desequilíbrio não permite viver as alegrias, por isso uma sensação de tristeza frequente.
Falar do suicídio e depressão é importante porque tira o tema da condição de tabu e o coloca como assunto comum das conversas do dia-a-dia. Tira a necessidade de falar escondido, baixinho, com medo de mais alguém escutar. E falar disso é importante para se buscar ajuda, para o sujeito que sofre não se calar e não perecer no sofrimento.
Quem sofre de depressão sofre também com diversos estigmas, principalmente de fracasso, carência de atenção, frescura, fraqueza. Qualquer doença de outros órgãos é respeitada e não se mede esforços para ajudar quem está doente; mas quando se trata do cérebro, presume-se que temos um controle total e qualquer desequilíbrio é devido a uma falta de força de vontade. Mas não há força na doença, não há vontade na doença; o remédio para curar a depressão não é a força de vontade, nem é sua falta a causadora.
A abordagem a uma pessoa com pensamentos ou comportamentos suicidas deve ser livre de preconceitos ou julgamentos; se você quiser ajudar, a melhor forma para isso é estar presente, ser solícito, ouvir a pessoa, centrar a questão na pessoa. Centrando a questão na pessoa, deve-se prestar atenção para não se comparar nem chegar com soluções prontas. Se tiver alguma sugestão, exponha sua ideia e pergunte se faz sentido ou se ajuda.
É necessário entender que o suicídio se manifesta no indivíduo mas não é uma questão individual. O sujeito é um ser que existe necessariamente em relação – em relação com outros sujeitos e com o mundo –; mesmo estando sozinho, o sujeito está em relação. Os pensamentos, os comportamentos, as tarefas que desenvolve, a hora que dorme e acorda, que se alimenta: tudo isso está associado às relações que o sujeito estabelece com sua família, seus amigos, sua casa, seu trabalho, seu transporte.
Da mesma forma, os afetos e emoções se dão através das relações. O contexto social e a inserção do sujeito na sociedade, na educação e no trabalho afetam os corpos de modos diversos a depender do sucesso ou fracasso, dos vínculos criados, do quanto de esforço foi despendido no processo, do clima da região, do sentido que isso fez em sua vida.
Falar de prevenção ao suicídio é falar de uma reestruturação das relações sociais, econômicas, políticas, em seus modos de produção e vínculos de trabalho.
No sentido do individual, fala-se de prevenção, mas se diz, efetivamente, de resistência do sujeito. O sujeito resiste em vida e sua postura de aversão ou insatisfação permanece em estresse e, posteriormente, depressão. O sujeito resiste e usa estratégias para contornar esse quadro.
São essas estratégias usadas na resistência, as formas ditas prevenção.
Com essas estratégias o Setembro Amarelo visa trabalhar para que o sujeito resista e possa reinventar-se em vida, não para “aguentar mais um pouco” sua situação de depressão, mas que possa repensar suas relações e sua implicação diante dos fatos que lhe causem estresse.
A busca por conscientização da causa para que a pessoa com pensamentos ou comportamentos suicidas possa transcender o estigma e o preconceito e procurar ajuda profissional; e também que amigos e familiares possam estar atentos para a questão para acolher, ajudar e encaminhar a pessoa sem causar mais sofrimento nem reforçar o estigma.
Atividades
O IFES aderiu à Campanha do Setembro Amarelo e realizará diversas atividades. O campus também está envolvido com o tema.
Aqui em Guarapari, faremos a Oficina “Prevenção, Conscientização e Alerta Sobre o Suicídio” nos dias 11 e 12 deste mês, na sala 110-A e, juntos, vamos definir ações de intervenção no campus.
Uma oficina é um espaço que possibilita debates, deliberação e produção coletiva. Há várias possibilidades de deliberação no campo da arte, comunicação e intervenção para nosso campus.
Você está convidado, participe!
A programação continua após as definições da oficina. Conforme for decidido, a divulgação vai sendo atualizada aqui nesta página.
Para mais informações, procure a equipe da Assistência Estudantil.
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